Autor: Edil Gomes
A origem da moeda remonta o comércio e principalmente a forma de pagamento para produtos e serviços. Dependendo da região, determinado produto representava o valor para qualquer movimentação financeira como fator para facilitar a transação, no Brasil por exemplo o açúcar, a borracha e o café já foram produtos utilizados como dinheiro. Era a troca de mercadorias ou o chamado escambo, mas nem sempre um produto oferecido demonstrava interesse para eventual troca e se gerava discordância entre as partes.
O que de fato tinha melhor aceitação nessas transações e de fácil transporte eram os metais preciosos, como o ouro, prata, bronze e cobre. Mas já em outras épocas existiam os mal-intencionados que ludibriavam de alguma forma o teor, misturando outros metais alterando a pureza ou alterando o peso e a forma para se evitar tal prática foi criar um carimbo normalmente colocado por um governante, certificando assim o peso e procedência daquele metal, desta forma nascia a moeda.
Os gregos e romanos foram os que mais avançaram nas técnicas de gravação de cunhos, produzindo verdadeiras obras de arte, retratando imperadores e seus feitos, alguns modelos usados até hoje, como busto de imperadores de perfil, elementos usados como louros, coroa de tulipas, divindades, retratação de feitos e vitórias, dentre outros.
Uma grande transição do que chamamos de dinheiro foi quando surgiu as cédulas que eram títulos ao portador, determinando o seu valor, como garantia de requerer a troca pelo metal, evitando que se transportasse assim prata e ouro. A cédula deu tão certo, que adotamos até hoje, mas não tem a mesma função de quando foi criada, já que o sistema financeiro atual correspondente ao lastro de um país, mas isso já é uma outra história. Também poucos chegaram a ver moedas circulantes com metais nobres como ouro e a prata, embora o Brasil já tenha cunhado muitas moedas circulantes nesses metais.
A primeira moeda virtual atual do Brasil
Voltando ao Brasil, sem percebermos, adotamos nossa primeira moeda virtual e foi de uma forma que não chegamos a determinar o feito. Você deve estar se perguntando e como foi isso? A resposta é bem simples e daqui para frente se torna de fácil a compreensão pois está bem próximo ao que fazemos no nosso dia a dia.
Trata-se da moeda de 1 centavo, que iniciou a tiragem em 1994 junto com o Plano Real, vigente até hoje e teve sua última cunhagem em 2004, porém não foi recolhida e continua sendo aceita como moeda circulante. Agora volto a pergunta: há quanto tempo você não pega uma dessas no troco? Difícil determinar quando, mas garanto que foi há muito tempo.
De certa forma, ela se transformou em uma moeda virtual, não temos mais circulando no comércio, porém basta olhar em qualquer lado e ela está em transações comerciais, no supermercado, no posto de combustível, que adotaram três casas decimais de centavos. E principalmente nas nossas faturas que todo mês chega na caixa de correio, sendo mais evidentes nos serviços essenciais como telefone, água e luz, que normalmente são feitas por aplicativo, e mesmo que a conta estiver num valor de R$ 10,01 nesse caso não é aceito se não colocar o valor correto.
Fomos envolvidos com essa primeira moeda virtual, que apesar de tentarmos contornar arredondando o valor para mais ou para menos, onde são empurrados balas e chicletes que já ficavam ao lado do caixa, ela não deixou de ser aceita, mas somente de forma virtual, o que é pouco para quem manuseia pequenas quantias, mas faz uma diferença enorme, quando se junta vários recebimento desses pequenos valores.
Na numismática, teve pouco impacto e o repentino sumiço dessas moedas aumentou o seu valor, muito maior do seu valor facial de 1 centavo.
A moeda de 1 centavo circulou nas duas famílias, sendo cunhado em onze datas dentro do plano econômico. Na primeira família seguiu o padrão das outras moedas da série. Na segunda família foi desenvolvido o tema “500 anos do Descobrimento do Brasil”, em que foram homenageados personagens de nossa história seguindo uma cronologia de acontecimentos iniciando pelo descobrimento do Brasil com a moedas de 1 centavo, a nossa primeira moeda virtual, onde foi homenageado Pedro Alvarez Cabral, fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português que descobriu o Brasil em 22 de abril de 1500. Ao lado da efígie temos a representação de uma caravela que navegou por outros mares entrando daí por diante no mundo virtual.
Dados curiosos
Na primeira família, tivemos a cunhagem da moeda de 1 centavo em quatro anos, de 1994 a 1997, somando a tiragem divulgada pelo Banco Central do Brasil temos o total de R$ 19.908.990,00. Já na segunda família foram seis anos, de 1998 a 2004, último ano que foram produzidas na Casa da Moeda do Brasil, num total em valor de R$ 12.003.600. Teríamos então mais de 31 milhões em moedas convertidos em valores, parece um valor insignificante quando pegamos apenas uma, mas que faz uma diferença em qualquer conta.